quarta-feira, 30 de julho de 2014

LAURO CAPUTO

LAURO CAPUTO

Natural de Lençóis Paulista, Estado de São Paulo, nascido em 23 de Novembro de 1943, filho de Attilio Caputo e Libia Ghiroti, foi um dos mais jovens presos políticos de Bauru-Sp., durante o Golpe Militar de 1º de Abril de 1964. Trabalhava em um laboratório de prótese e todos seus colegas de trabalho tinham conhecimento de que possuía um pequeno e rudimentar transmissor e receptor de rádio, chamado de rádio galena. Quando da eclosão do Golpe de 1º de Abril, a Frente Anticomunista – FAC – comandada por Silvio Marques Junior, promotor público de triste memória para os democratas do interior de São Paulo, iniciou uma verdadeira “caça as bruxas”, buscando prender o maior número de pessoas, pretensamente envolvidas com o Partido Comunista. Alguém, daqueles que enxergava comunista embaixo da cama, teve a brilhante ideia de denunciar que Lauro possuía um transmissor de rádio e que através dele, obedecendo ordens dos comunistas de Bauru, fazia comunicação com os camaradas de Moscou e Havana. Foi a senha para os legionários da FAC invadirem o laboratório de prótese e prenderem o então jovem Lauro e o conduzirem para a Delegacia de Policia local, onde a autoridade policial de plantão, totalmente submissa ao promotor público, Silvio Marques Junior, determinou seu recolhimento ao xadrez, em mais uma prisão arbitraria, inconsequente e a revelia da lei, como tantas outras praticadas naquele período obscuro da história brasileira e especialmente, na então bucólica Bauru, dominada por este cidadão que ocupava a promotoria publica e se arvorava de ser o representante do Comando Revolucionário no interior paulista. Ao chegar a cela, conduzido pelo investigador de polícia Carlana, Lauro estava crente de que estava sendo vitima de um equivoco, facilmente sanável. Recepcionado na cela pelo jovem advogado e funcionário da então Caixa Econômica Estadual, Olavo Fernandes Gil, com quem travou o seguinte dialogo:

- Tire o sapato, tome um banho para esfriar a cabeça e vamos conversar!. diz Olavo, com sua calma peculiar.

- Não é preciso, vou sair logo!, responde Lauro.

- Pois é, faz quinze dias que entrei aqui, achando que sairia logo.

E lá ficou Lauro, em companhia de Olavo Fernandes Gil, Cleber Piccirili, Geremias Renato Comim, Arconcio Pereira da Silva, Homero Penteado, Romeu Cajueira de Freitas, Antonio Pedroso, dentre outros militantes do movimento popular da cidade de Bauru que permaneceram encarcerados nos primeiros meses, pós Golpe, sofrendo na carne as agruras provocadas pela turba da FAC e por policiais, que buscavam curar suas neuroses no lombo dos presos políticos. A prisão marcou Lauro de forma perene, por ser injusta, ilegal e infundada, além da violência exacerbada com que foi tratado pelos legionários da FAC, órgão paramilitar que dominou a cidade de Bauru neste período, chegando ao desplante de determinar que a Câmara Municipal cassasse o mandato de vereadores, como Edison Bastos Gasparini e seu suplente, Edson Francisco da Silva.

Pelo que sofreu, pela privação de liberdade e pelas torturas físicas e psicológicas que sofreu, LAURO CAPUTO deve estar presente na GALERIA DOS HERÓIS ANÔNIMOS que lutaram pela democracia em nossa Pátria.