Natural de Assis, Estado de São Paulo, onde nasceu em 4 de
maio de 1929, filho de Joao Agostinho
Ferreira e de dona Paula Maria de Jesus.
Mestre de Obras da Sorocabana,
filiado a UNIÃO e um de seus dirigentes em Assis, Estado de São Paulo, onde
tinha forte liderança no meio ferroviário, tendo sido eleito vereador por
diversos mandatos naquela cidade, tendo sido inclusive o presidente da Câmara
Municipal. Caboclo simples, sem trato refinado com as palavras, conseguia impor
de forma natural sua liderança, o que o transformava em um dos alvos preferidos
da repressão politica, que desde aquela época, não se conformava em ver um
trabalhador fazendo politica. Dispensado em 1964, montou uma pequena empresa de
pintura residencial e não lhe faltavam serviços, inclusive fora da cidade. Ao
contrario da maior parte dos caboclos, não era desconfiado, ao contrario,
acreditava em demasia no próximo e com isso, andou acumulando alguns prejuízos,
em decorrência do não recebimento de serviços prestados, entretanto, se virava
fazendo empréstimos bancários e não deixando seu pequeno grupo de funcionários,
sem o pagamento devido. Este tipo de conduta fazia com que Norberto gozasse de
alto conceito em sua comunidade, e mesmo punido pela Estrada de Ferro
Sorocabana, como não teve os direitos políticos cassados, continuou exercendo o
mandato de vereador, sendo reeleito por diversas vezes, muito embora, por
diversas vezes tivesse o promotor público da comarca, solicitado a impugnação
de sua candidatura, em virtude te ter sido punido pelo Ato Institucional de
1964. Depois de alguma celeuma, a candidatura era liberada e Norberto, eleito.
Foi vereador de 1964, eleito em 1963 até 1988, perfazendo 24 anos de mandato,
tendo na primeira eleição disputado pelo Partido Trabalhista Nacional – PTN – e
todas as demais, pelo MDB e seu sucedâneo, o PMDB, sendo coerente com seu
pensamento politico
Era monitorado constantemente
pelos agentes do DOPS e seus apontamentos nos arquivos daquele departamento,
confundem-se, no que diz a atuação na UNIÃO com os anotados nas fichas de
Massilon Bueno, Francisco Gomes e Guarino Fernandes dos Santos, presenças
constantes nas assembleias e manifestações realizadas na cidade de Assis que
era considerado importante ponto de concentração ferroviária, sempre merecendo
atenção especial, por parte dos dirigentes da UNIÃO. Em 1964, foi preso e
conduzido para São Paulo, permanecendo mais de quarenta dias encarcerado, sendo
libertado em final de maio, posteriormente em outubro de 1964, foi demitido da
Sorocabana, com base no Ato Institucional de 9 de Abril daquele ano.
Em decorrência da greve dos
dezoito dias, ocorrida em outubro de 1963, juntamente com outros quarenta e
três ferroviários de Assis, foi indiciado em inquérito e processado, acusado de
infringir o artigo 13, da Lei 1802/53 e mais os artigos 51 e 201 do Código
Penal Brasileiro. O processo é o de número 95/64, e foi ouvido em 16 de junho
de 1964, sendo acompanhado de seu defensor, doutor Walmir Antunes Ribeiro. Seu
depoimento, prestado ao Juiz de Direito, doutor Anis Buchala, certamente não
colaborou muito para elucidar as denúncias, formuladas pelo Ministério Público.
Veja:
“...é verdadeira a acusação
contra si feita, em parte. O interrogando é pintor no deposito da EFS e aderiu
ao movimento grevista que eclodiu no dia 12 de novembro de 963. Sua adesão ao
movimento, deve-se a melhoria dos salários que estava sendo reivindicado pelos
ferroviários. O interrogando não participou de qualquer grupo de piquete. O
interrogado participou de uma reunião na sede da UNIÃO, onde compareceu um
repórter fazendo entrevistas com os ferroviários. Realmente o interrogando foi
entrevistado pelo referido repórter, respondendo as perguntas que lhe foram
dirigidas. Ele pessoalmente não fez
nenhuma ameaça aos seus companheiros, procurando evitar que os mesmos
retornassem ao serviço. Na reunião mencionada, na qual participou o
interrogando, não houve qualquer sugestão para tomada de medida mais violenta, para
atingir os fins objetivados pelos grevistas. O interrogando participou de uma
greve anterior em 1962. Entretanto, este movimento grevista teve duração
mínima, sendo logo resolvido o impasse, Nunca foi processado anteriormente...”
Em 1979, foi beneficiado pela lei
6683, que anistiou dentre outros, os funcionários públicos, atingidos por atos
discricionários, entretanto, o governador de São Paulo, era o senhor Paulo
Salim Maluf, que simplesmente não aplicou a lei, em nosso estado. Em 1983, com
a posse do governador Franco Montoro, foi empossado como presidente da FEPASA,
sucedânea da Sorocabana, o engenheiro Cyro Antonio de Laurenza Filho, que
reintegrou aos quadros da ferrovia, cumprindo sentença judicial, os irmãos
Ademar e Antonio Figueiredo, tendo ainda levado para sua assessoria, Guarino
Fernandes dos Santos e Reginaldo Valadão. A FEPASA até que enfim, cumpriu a lei
de Anistia, reintegrando ou aposentando os demitidos de 64. No caso especifico
de Norberto, foi reintegrado e continuou trabalhando como Mestre de Obras. Sua
alegria pela volta ao trabalho na ferrovia era contagiante
Ainda em 1979, no dia 22 de
Novembro, a Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do vereador Eurípedes
Salles, aprovou moção de congratulações a Norberto, por sua postura contra a
reformulação partidária.
Faleceu em 5 de julho de 2013,
aos 84 anos de idade, mantendo uma vida ativa, participando dos eventos da
comunidade assisense e fazendo-se sempre presente na Câmara Municipal de Assis,
discutindo politica.