segunda-feira, 6 de outubro de 2014

NORBERTO FERREIRA

Natural de Assis, Estado de São Paulo, onde nasceu em 4 de maio de 1929, filho  de Joao Agostinho Ferreira e de dona Paula Maria de Jesus.
Mestre de Obras da Sorocabana, filiado a UNIÃO e um de seus dirigentes em Assis, Estado de São Paulo, onde tinha forte liderança no meio ferroviário, tendo sido eleito vereador por diversos mandatos naquela cidade, tendo sido inclusive o presidente da Câmara Municipal. Caboclo simples, sem trato refinado com as palavras, conseguia impor de forma natural sua liderança, o que o transformava em um dos alvos preferidos da repressão politica, que desde aquela época, não se conformava em ver um trabalhador fazendo politica. Dispensado em 1964, montou uma pequena empresa de pintura residencial e não lhe faltavam serviços, inclusive fora da cidade. Ao contrario da maior parte dos caboclos, não era desconfiado, ao contrario, acreditava em demasia no próximo e com isso, andou acumulando alguns prejuízos, em decorrência do não recebimento de serviços prestados, entretanto, se virava fazendo empréstimos bancários e não deixando seu pequeno grupo de funcionários, sem o pagamento devido. Este tipo de conduta fazia com que Norberto gozasse de alto conceito em sua comunidade, e mesmo punido pela Estrada de Ferro Sorocabana, como não teve os direitos políticos cassados, continuou exercendo o mandato de vereador, sendo reeleito por diversas vezes, muito embora, por diversas vezes tivesse o promotor público da comarca, solicitado a impugnação de sua candidatura, em virtude te ter sido punido pelo Ato Institucional de 1964. Depois de alguma celeuma, a candidatura era liberada e Norberto, eleito. Foi vereador de 1964, eleito em 1963 até 1988, perfazendo 24 anos de mandato, tendo na primeira eleição disputado pelo Partido Trabalhista Nacional – PTN – e todas as demais, pelo MDB e seu sucedâneo, o PMDB, sendo coerente com seu pensamento politico
Era monitorado constantemente pelos agentes do DOPS e seus apontamentos nos arquivos daquele departamento, confundem-se, no que diz a atuação na UNIÃO com os anotados nas fichas de Massilon Bueno, Francisco Gomes e Guarino Fernandes dos Santos, presenças constantes nas assembleias e manifestações realizadas na cidade de Assis que era considerado importante ponto de concentração ferroviária, sempre merecendo atenção especial, por parte dos dirigentes da UNIÃO. Em 1964, foi preso e conduzido para São Paulo, permanecendo mais de quarenta dias encarcerado, sendo libertado em final de maio, posteriormente em outubro de 1964, foi demitido da Sorocabana, com base no Ato Institucional de 9 de Abril daquele ano.
Em decorrência da greve dos dezoito dias, ocorrida em outubro de 1963, juntamente com outros quarenta e três ferroviários de Assis, foi indiciado em inquérito e processado, acusado de infringir o artigo 13, da Lei 1802/53 e mais os artigos 51 e 201 do Código Penal Brasileiro. O processo é o de número 95/64, e foi ouvido em 16 de junho de 1964, sendo acompanhado de seu defensor, doutor Walmir Antunes Ribeiro. Seu depoimento, prestado ao Juiz de Direito, doutor Anis Buchala, certamente não colaborou muito para elucidar as denúncias, formuladas pelo Ministério Público. Veja:
“...é verdadeira a acusação contra si feita, em parte. O interrogando é pintor no deposito da EFS e aderiu ao movimento grevista que eclodiu no dia 12 de novembro de 963. Sua adesão ao movimento, deve-se a melhoria dos salários que estava sendo reivindicado pelos ferroviários. O interrogando não participou de qualquer grupo de piquete. O interrogado participou de uma reunião na sede da UNIÃO, onde compareceu um repórter fazendo entrevistas com os ferroviários. Realmente o interrogando foi entrevistado pelo referido repórter, respondendo as perguntas que lhe foram dirigidas. Ele pessoalmente  não fez nenhuma ameaça aos seus companheiros, procurando evitar que os mesmos retornassem ao serviço. Na reunião mencionada, na qual participou o interrogando, não houve qualquer sugestão para tomada de medida mais violenta, para atingir os fins objetivados pelos grevistas. O interrogando participou de uma greve anterior em 1962. Entretanto, este movimento grevista teve duração mínima, sendo logo resolvido o impasse, Nunca foi processado anteriormente...”
Em 1979, foi beneficiado pela lei 6683, que anistiou dentre outros, os funcionários públicos, atingidos por atos discricionários, entretanto, o governador de São Paulo, era o senhor Paulo Salim Maluf, que simplesmente não aplicou a lei, em nosso estado. Em 1983, com a posse do governador Franco Montoro, foi empossado como presidente da FEPASA, sucedânea da Sorocabana, o engenheiro Cyro Antonio de Laurenza Filho, que reintegrou aos quadros da ferrovia, cumprindo sentença judicial, os irmãos Ademar e Antonio Figueiredo, tendo ainda levado para sua assessoria, Guarino Fernandes dos Santos e Reginaldo Valadão. A FEPASA até que enfim, cumpriu a lei de Anistia, reintegrando ou aposentando os demitidos de 64. No caso especifico de Norberto, foi reintegrado e continuou trabalhando como Mestre de Obras. Sua alegria pela volta ao trabalho na ferrovia era contagiante
Ainda em 1979, no dia 22 de Novembro, a Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do vereador Eurípedes Salles, aprovou moção de congratulações a Norberto, por sua postura contra a reformulação partidária.

Faleceu em 5 de julho de 2013, aos 84 anos de idade, mantendo uma vida ativa, participando dos eventos da comunidade assisense e fazendo-se sempre presente na Câmara Municipal de Assis, discutindo politica.

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