sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dr. ANSBERTO RODRIGUES PASSOS.

“O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de generosidade; é impossível imaginar um revolucionário autêntico sem esta qualidade”.
Che Guevara

Os olhos dos velhos militantes ainda brilham de emoção quando o nome do Dr. Passos é lembrado, e todos que com ele conviveram recordam-se do médico que fez da medicina um sacerdócio e do marxismo uma profissão de fé.
Amigo, leal, sincero, solidário e humano, marcou presença no seio do movimento popular de nossa cidade, sendo que, desde meados da década de 30, encontramos referencias ao seu nome e sua incansável atuação solidária para com os defensores da classe trabalhadora.
Ora locomovendo-se até Guarantã para atender gratuitamente o líder ferroviário José Duarte, ora participando de entidades que aqui se criavam. Liga cívica 5 de julho, movimento contra a carestia, e todos aqueles que ocorriam em nossa cidade e que sempre contavam com a presença marcante dos comunistas, tendo participado do diretório municipal do PCB, durante seu curto período de legalidade, na década de 40. Foi diretor de secretaria da Cruzada Humanitária pela proibição de bombas atômicas, sendo que a entidade ainda contava com a participação do dr. Mario Mattozinho, como 1º secretário. Dr. Mattozinho era então vereador pelo Partido Socialista Brasileiro – PSB – em nossa cidade. Isto no ano de 1951.
Foi um dos que convocaram a Convenção pela Paz e pela Defesa da Cultura Nacional, no ano de 1952, quando o comício cuidadosamente preparado, foi violentamente reprimido pela polícia política, sendo que a convenção acabou sendo realizada de forma clandestina, na residência de Delamare Machado da Silva, na rua 7 de Setembro nº 2-36, sendo que a reunião foi efetivamente clandestina e contou com elementos de confiança, pois a polícia não descobriu e não enviou informações inverídicas para São Paulo, sendo certo que após 47 anos, um dos participantes da convenção clandestina, nos confirmou a realização da reunião, nas barbas da repressão. E lá estava firme o dr. Passos, que desde os anos 30 era considerado como perigoso comunista pela repressão bauruense.
Quem o conheceu, com certeza dará muitas risadas ao saber que o pacato, humano e solidário Dr. Passos era perigoso, na opinião da repressão.Deixando de militar no PCB em meados da década de 60, jamais deixou de oferecer sua ajuda, quer profissional, quer financeira aos antigos companheiros de ideologia política. Atendia a todos indistintamente e temos conhecimento de que muitas vezes, além de clinicar gratuitamente, ainda acabava comprando para o paciente, os remédios que receitava. Era tratado com respeito e consideração pelos militantes comunistas de nossa cidade, que o tinham como companheiro e aliado sincero, honesto e leal para as horas de dificuldades. Escreveu sua história em nossa cidade, como diretor do Posto de Saúde, do Instituto Adolpho Lutz e como militante histórico do Partido Comunista, transformando-se em uma verdadeira legenda e ponto de referência das lutas que buscavam a libertação do povo da opressão e da miséria. Muita coisa poderia ser dita sobre a figura humana e política do dr. Passos, mas temos a certeza de que estas linhas servirão para relembrá-lo, deixando claro que todas as lutas políticas travadas nesta cidade de meados dos anos 30 até final dos anos setenta, ou contaram com sua participação efetiva ou ao menos, com sua efetiva solidariedade. Embora médico, foi um dos personagens da luta operária em nossa cidade. ANSBERTO RODRIGUES PASSOS tem que ter um lugar de destaque na galeria dos "guerreiros anônimos" de nossa cidade.

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