sexta-feira, 1 de maio de 2009

FRANCISCO ANTONIO GOMES NETTO

"Para o mundo subdesenvolvido, o melhor remédio consiste em investir no povo, e não entregar suas riquezas".
(Barbosa Lima Sobrinho)

Dr. Gomes Netto, era considerado pela policia política de Bauru como uma das principais lideranças políticas da cidade, no pós-golpe de 1964, sendo certo que a policia era municiada com informações fornecidas pelo promotor público Silvio Marques Junior, seu desafeto pessoal.Interessante se frisar, que seu nome era arrolado em informações secretas enviadas para São Paulo juntamente com os nomes de lideranças operárias que jamais tinham ouvido falar em seu nome. Ainda hoje em dia, conversando com antigos militantes do Partido Comunista Brasileiro, estes não se recordam deste ilustre magistrado como militante do Partidão, como era cantado em prosa e verso pela polícia bauruense, notadamente pelo investigador de policia Carlos Rossa Netto, mais conhecido como papagaio de estimação de Silvio Marques Junior, sendo que o próprio Carlos Rossa faz menção em seu relatório de 22/01/1965, de que a maior parte das informações haviam sido fornecidas pelo “gorila” Marques Júnior.Como pode um agente policial elaborar um relatório que sabia estar comprometendo a liberdade e colocando em risco a vida de um ser humano, baseando-se tão somente nas informações prestadas por um seu desafeto pessoal, mesmo frisando hoje, que as informações fornecidas pelo desafeto e encaminhadas pela policia bauruense, em nada denegriam ou denigrem a figura humana do Dr. Gomes Netto. Alardeavam que certa vez, como Juiz de Direito da comarca de Camanducaia, em Minas Gerais, absolveu um individuo acusado de praticar um pequeno furto, pois em sua opinião, ladrões maiores roubavam o país e, no entanto o governavam, conseqüentemente mantendo-se em liberdade, não sendo nada mais justo, que um pequeno ladrão pudesse igualmente usufruir da mesma regalia.
Os “gorilas” da FAC resolveram realmente imiscuir-se na vida do Dr. Gomes Netto, desde os tempos em que fora Juiz de Direito nas alterosas, conseguindo descobrir um livro que o mesmo escrevera no ano de 1952, com o título “O crime de Araguari”, que com certeza refere-se ao famoso caso dos “Irmãos Naves”, um dos maiores erros conhecidos do Judiciário Brasileiro, todavia, dentro das conhecidas limitadas condições culturais dos membros da FAC, obviamente este livro imediatamente foi tachado de literatura subversiva, por ter quem sabe, a capa vermelha, já que a miopia intelectual dos seguidores de Marques Junior, era evidente.
Dr. Gomes Netto lecionou Direito do Trabalho, na Faculdade de Direito de Bauru, da Instituição Toledo de Ensino, sendo certo que o Serviço Nacional de Informações, por intermédio do oficio número 164/65, assinado pelo chefe do serviço no Estado de São Paulo, General Agostinho Teixeira Cortez, alertava a direção da escola, de que o professor era “comunista ativista”, e recomendava para que a escola adotasse as cautelas necessárias. Estas “cautelas necessárias” era a determinação para que o mesmo fosse demitido.
No ódio que nutria por seu desafeto, e sabedor que suas atividades escusas estavam sendo investigadas pela Polícia Federal e pelo Exército, Silvio Marques Júnior virou-se igualmente contra o então chefe da 6ª CR, Capitão Alcides Expedito de Campos, a quem acusava de ser ajudante de ordens do juiz e professor Gomes Netto.
Em Março de 1966, deixava de lecionar na Faculdade de Direito de Bauru, demitido em decorrência das pressões exercidas pela FAC e em 14 de março, o Dr. Walter de Castro, Delegado Regional de Bauru enviava telegrama sobre o acontecido para seus superiores em São Paulo, avisando que enviaria relatório pormenorizado posteriormente.
A perseguição orquestrada contra este Juiz de Direito e Professor de Direito do Trabalho, demonstra claramente como era desonesta a postura dos gorilas da FAC, posteriormente denominada de GANG, pelos próprios organismos repressivos, aos quais alimentava de informações infundadas.

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