Natural de Tatuí, Estado de São
Paulo, nascido aos 23 de junho de 1919, filho de Pedro da Silva Spanier e de
Carolina Arruda Campos. Ferroviário da Sorocabana, membro atuante da UNIÃO e
militante do Partido Comunista Brasileiro – PCB -. Diversas anotações são
encontradas em seu prontuário do antigo DOPS, sendo que aos 8 de setembro de
1962, foi comunicado que convocara concentração ferroviária, de Santos a Juquiá
e de Mairinque a Santos, com objetivo de conquistarem melhorias salariais,
antes do mês de outubro, juntamente com Guarino Fernandes dos Santos e outros
agitadores. Encontrada ainda a anotação de que em meados de 1963, fora signatário
de manifesto aos ferroviários, conclamando os a greve geral. Em maio de 1964,
foi indiciado em Inquérito Policial na cidade de Assis, Estado de São Paulo,
sendo certo que este procedimento foi arquivado pelo Juiz de Direito daquela
comarca, em 18 de maio de 1965.Também em 1964, teve sua aposentadoria da
Estrada de Ferro Sorocabana cassada por decreto do governador Adhemar de
Barros,
Novamente indiciado em
Inquérito Policial, em 15 de julho de
1970, com a finalidade de serem apuradas suas atividades subversivas, como
integrante da Ação Libertadora Nacional – ALN -.Spanier foi preso pela Operação
Bandeirantes, em abril de 1970 e não suportando as torturas, acabou por falar
aquilo que sabia a respeito da ALN, sendo certo que em 5 de maio de 1970, prestou
depoimento a equipe “C” do DOPS, comandada pelo delegado Walter Luciano Marini.
Spanier não suportou a pressão policial e acabou confessando sua participação
na Ação Libertadora Nacional – ALN – e, informando com detalhes sua
participação, a de outros companheiros e algumas ações realizadas.
“... declarou que utilizava os codinomes de
Português, Júlio e Torpedo, sendo responsável, juntamente com Francisco Gomes,
o Beduíno, pelo esquema de segurança de Joaquim Câmara Ferreira, o Toledo. Que
como tinha uma casa mobiliada, preparada para moradia de seu filho e
familiares, Toledo mudou-se para ela, e mesmo antes disso, havia cedido este
imóvel para reuniões da organização. Afirmou ainda que era o motorista de
Toledo, com seu próprio carro o transportava para diversos pontos, onde o mesmo
mantinha contato com outros elementos da organização. Que Francisco Gomes,
mudou-se com a esposa e filhas, para uma casa alugada pela organização, sendo
certo que Toledo e o declarante, passaram a residir nesta casa, com Toledo
fazendo-se passar por tio da esposa de Gomes.
Que anteriormente, era ferroviário da Estrado
de Ferro Sorocabana e teve sua aposentadoria cassada pelo governador Adhemar de
Barros, quando da revolução de 64, sendo que atuava na União dos Ferroviários
da Estrada de Ferro Sorocabana e que por muitos anos, foi militante do Partido
Comunista Brasileiro. Que em 1968, depois de alguns anos se dedicando a
agricultura, em um sitio de sua propriedade em Palmital, Estado de São Paulo,
aceitou o convite da diretoria da Cooperativa de Consumo dos Ferroviários da
Sorocabana e veio a exercer as funções de Chefe de Escritório desta entidade na
Barra Funda.
Que Francisco Gomes, o Beduíno e Raphael
Martinelli, o David, reuniram-se com o declarante, e expuseram que estavam na
organização fundada por Carlos Marighela, chegando a leva-lo no local onde
seria efetuado o assalto ao trem pagador da Santos-Jundiaí, isso, cerca de oito
dias antes do ocorrido. No dia do assalto, estava em Assis e não comunicou as
autoridades o seu planejamento, por estar aderindo a nova organização.
Participou de duas reuniões na casa de André
Bueno Acosta, tratando da organização da ALN, com Francisco Gomes e Raphael
Martinelli, sendo certo que Toledo e Jonas, participaram somente da segunda, na
qual se tratou de um assalto a KRUPP em Jundiaí. Martinelli ficou de realizar o
levantamento do local, entretanto, o declarante e Gomes, estiveram igualmente
no local, com a finalidade de verificarem a viabilidade do assalto. Que em
novembro de 1969, no escritório da Cooperativa, estando presentes Otavio
Ângelo, o Tião, Gomes, Martinelli e Guiomar da Silva Lopes, a Maria, estando
presentes mais dois elementos do estado do Paraná, foram tratados assuntos
gerais, tendo ficado decidido que Tião ficaria como responsável pelo
ensinamento da fabricação de bombas. Que no momento de sua prisão,
encontrava-se com Francisco Gomes, que não foi abordado pelos policiais. Que
foi Alencar que transportou em seu carro alguns fuzis FAL, que tinham sido
furtados do exercito pelo Capitão Carlos Lamarca...”.
Interessante deixar registrado
que quando de sua demissão em 1964 e indiciamento em Inquérito Policial na
cidade de Assis, acusado de militância comunista, tentou em sua defesa provar
que não tinha envolvimento com o partido, reunindo cartas de pastores
evangélicos que testemunharam que era membro integrante da Igreja Assembleia de
Deus e em processos disponíveis no Brasil Nunca Mais Digit@l. consta as
acusações contra Spanier, no ano de 1970. Um texto publicado no site ultimato.com.br, fala das pessoas
evangélicas punidas ou perseguidas pelo Golpe Militar. Spanier é citado:
“...João Batista Spanier foi
demitido da Sorocabana “a bem do serviço público” pelo Ato Institucional de
abril de 1964. Atuava como ferroviário em abril de 1964 e foi acusado de ser
comunista. Em sua defesa reuniu cartas de pastores que afirmaram sua filiação à Assembleia de Deus. Foi
demitido junto à outros 41 funcionários.
Em 1970 Spanier foi acusado de “praticar atos de
sabotagem ou terrorismo”. A argumentação de sua defesa foi de que “a denúncia
orientou-se pelo interrogatório do réu no inquérito policial militar, que, como
é óbvio, traz a suspeita que tem se evidenciado peças de coação – física e
moral no trabalho que a polícia política tem que realizar na investigação
preliminar à instauração dos processos”. Pelos processos disponíveis no Brasil
Nunca Mais Digit@al, a acusação era no sentido de que Spanier atuava como
motorista para a ALN em São Paulo, tendo sido preso com vários membros da
organização.”
JOÃO BATISTA SPANIER, mesmo entregando seus
companheiros para a repressão em 1970, não suportando as torturas sofridas, não pode ser esquecido como lutador incansável
pelos direitos da classe ferroviária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário