quarta-feira, 24 de setembro de 2014

JOÃO BATISTA SPANIER

Natural de Tatuí, Estado de São Paulo, nascido aos 23 de junho de 1919, filho de Pedro da Silva Spanier e de Carolina Arruda Campos. Ferroviário da Sorocabana, membro atuante da UNIÃO e militante do Partido Comunista Brasileiro – PCB -. Diversas anotações são encontradas em seu prontuário do antigo DOPS, sendo que aos 8 de setembro de 1962, foi comunicado que convocara concentração ferroviária, de Santos a Juquiá e de Mairinque a Santos, com objetivo de conquistarem melhorias salariais, antes do mês de outubro, juntamente com Guarino Fernandes dos Santos e outros agitadores. Encontrada ainda a anotação de que em meados de 1963, fora signatário de manifesto aos ferroviários, conclamando os a greve geral. Em maio de 1964, foi indiciado em Inquérito Policial na cidade de Assis, Estado de São Paulo, sendo certo que este procedimento foi arquivado pelo Juiz de Direito daquela comarca, em 18 de maio de 1965.Também em 1964, teve sua aposentadoria da Estrada de Ferro Sorocabana cassada por decreto do governador Adhemar de Barros,
Novamente indiciado em Inquérito  Policial, em 15 de julho de 1970, com a finalidade de serem apuradas suas atividades subversivas, como integrante da Ação Libertadora Nacional – ALN -.Spanier foi preso pela Operação Bandeirantes, em abril de 1970 e não suportando as torturas, acabou por falar aquilo que sabia a respeito da ALN, sendo certo que em 5 de maio de 1970, prestou depoimento a equipe “C” do DOPS, comandada pelo delegado Walter Luciano Marini. Spanier não suportou a pressão policial e acabou confessando sua participação na Ação Libertadora Nacional – ALN – e, informando com detalhes sua participação, a de outros companheiros e algumas ações realizadas.
“... declarou que utilizava os codinomes de Português, Júlio e Torpedo, sendo responsável, juntamente com Francisco Gomes, o Beduíno, pelo esquema de segurança de Joaquim Câmara Ferreira, o Toledo. Que como tinha uma casa mobiliada, preparada para moradia de seu filho e familiares, Toledo mudou-se para ela, e mesmo antes disso, havia cedido este imóvel para reuniões da organização. Afirmou ainda que era o motorista de Toledo, com seu próprio carro o transportava para diversos pontos, onde o mesmo mantinha contato com outros elementos da organização. Que Francisco Gomes, mudou-se com a esposa e filhas, para uma casa alugada pela organização, sendo certo que Toledo e o declarante, passaram a residir nesta casa, com Toledo fazendo-se passar por tio da esposa de Gomes.
Que anteriormente, era ferroviário da Estrado de Ferro Sorocabana e teve sua aposentadoria cassada pelo governador Adhemar de Barros, quando da revolução de 64, sendo que atuava na União dos Ferroviários da Estrada de Ferro Sorocabana e que por muitos anos, foi militante do Partido Comunista Brasileiro. Que em 1968, depois de alguns anos se dedicando a agricultura, em um sitio de sua propriedade em Palmital, Estado de São Paulo, aceitou o convite da diretoria da Cooperativa de Consumo dos Ferroviários da Sorocabana e veio a exercer as funções de Chefe de Escritório desta entidade na Barra Funda.
Que Francisco Gomes, o Beduíno e Raphael Martinelli, o David, reuniram-se com o declarante, e expuseram que estavam na organização fundada por Carlos Marighela, chegando a leva-lo no local onde seria efetuado o assalto ao trem pagador da Santos-Jundiaí, isso, cerca de oito dias antes do ocorrido. No dia do assalto, estava em Assis e não comunicou as autoridades o seu planejamento, por estar aderindo a nova organização.
Participou de duas reuniões na casa de André Bueno Acosta, tratando da organização da ALN, com Francisco Gomes e Raphael Martinelli, sendo certo que Toledo e Jonas, participaram somente da segunda, na qual se tratou de um assalto a KRUPP em Jundiaí. Martinelli ficou de realizar o levantamento do local, entretanto, o declarante e Gomes, estiveram igualmente no local, com a finalidade de verificarem a viabilidade do assalto. Que em novembro de 1969, no escritório da Cooperativa, estando presentes Otavio Ângelo, o Tião, Gomes, Martinelli e Guiomar da Silva Lopes, a Maria, estando presentes mais dois elementos do estado do Paraná, foram tratados assuntos gerais, tendo ficado decidido que Tião ficaria como responsável pelo ensinamento da fabricação de bombas. Que no momento de sua prisão, encontrava-se com Francisco Gomes, que não foi abordado pelos policiais. Que foi Alencar que transportou em seu carro alguns fuzis FAL, que tinham sido furtados do exercito pelo Capitão Carlos Lamarca...”.
Interessante deixar registrado que quando de sua demissão em 1964 e indiciamento em Inquérito Policial na cidade de Assis, acusado de militância comunista, tentou em sua defesa provar que não tinha envolvimento com o partido, reunindo cartas de pastores evangélicos que testemunharam que era membro integrante da Igreja Assembleia de Deus e em processos disponíveis no Brasil Nunca Mais Digit@l. consta as acusações contra Spanier, no ano de 1970. Um texto publicado no site ultimato.com.br, fala das pessoas evangélicas punidas ou perseguidas pelo Golpe Militar. Spanier é citado:
“...João Batista Spanier foi demitido da Sorocabana “a bem do serviço público” pelo Ato Institucional de abril de 1964. Atuava como ferroviário em abril de 1964 e foi acusado de ser comunista. Em sua defesa reuniu cartas de pastores que afirmaram sua filiação à Assembleia de Deus. Foi demitido junto à outros 41 funcionários.

Em 1970 Spanier foi acusado de “praticar atos de sabotagem ou terrorismo”. A argumentação de sua defesa foi de que “a denúncia orientou-se pelo interrogatório do réu no inquérito policial militar, que, como é óbvio, traz a suspeita que tem se evidenciado peças de coação – física e moral no trabalho que a polícia política tem que realizar na investigação preliminar à instauração dos processos”. Pelos processos disponíveis no Brasil Nunca Mais Digit@al, a acusação era no sentido de que Spanier atuava como motorista para a ALN em São Paulo, tendo sido preso com vários membros da organização.”
JOÃO BATISTA SPANIER, mesmo entregando seus companheiros para a repressão em 1970, não suportando as torturas sofridas,  não pode ser esquecido como lutador incansável pelos direitos da classe ferroviária.















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